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Democratas retomam controle da Câmara: o que resultado de eleições nos EUA significa para Trump

Link para matéria original de 7 novembro 2018: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-46122447 │ Foto: Getty Images

Os resultados das eleições legislativas americanas apontam para um Congresso dividido.

A apuração ainda está em andamento em alguns Estados, mas o resultado parcial mostra que os democratas retomaram o controle da Câmara dos Representantes, algo que não ocorria há 8 anos, em um revés para o presidente Donald Trump.

Eles conquistaram as 23 cadeiras de que precisavam para ter maioria, vencendo em Estados como Virgínia, Flórida, Illinois e Colorado.

Já os republicanos consolidaram sua maioria no Senado, com vitórias importantes em Indiana, Texas e Dakota do Norte.

Os eleitores foram às urnas na terça-feira para escolher os ocupantes de todas as 435 cadeiras da Câmara e 35 dos 100 assentos no Senado. Foram eleitos ainda governadores em 36 dos 50 Estados americanos.

São as chamadas eleições de meio de mandato, que acontecem a cada quatro anos em novembro - e recebem esse nome porque são realizadas na metade do mandato de quatro anos do presidente.

O resultado da eleição, que era vista como uma espécie de referendo sobre o governo Trump, põe fim à hegemonia do partido Republicano no Poder Legislativo e pode mudar significativamente a dinâmica política do país na etapa final do seu mandato.

"As trincheiras partidárias na América estão se aprofundando. E, após dois anos na escuridão, os democratas têm um meio de reagir", analisa Anthony Zurcher, correspondente da BBC News em Washington.

Fim da agenda unilateral

Ao assumir o controle da Casa, pela primeira vez em 8 anos, os democratas vão ter a possibilidade de se opor de maneira mais incisiva à agenda legislativa de Trump, obstruindo suas propostas.

Muitos projetos de seu governo, como a construção de um muro ao longo da fronteira com o México ou a revogação do Obamacare - lei federal aprovada por seu antecessor que promoveu grandes mudanças no sistema de saúde -, precisam ser aprovados primeiro pelo Congresso.

"Os democratas vão poder bloquear a agenda legislativa de Trump e forçar o Senado a votar algumas leis progressistas populares, que provavelmente não serão aprovadas, mas darão aos democratas uma nova plataforma para mostrar suas propostas", avalia Zurcher.

"Os senadores não vão ficar felizes em votar questões como aumento do salário mínimo e dos gastos sociais", completa.

Com o ambiente político polarizado, é improvável que o Congresso seja capaz de aprovar leis significativas.

"Vai ser uma situação parecida com a que vimos durante a última etapa do governo Barack Obama, quando havia mais probabilidade de haver uma 'paralisação técnica' do governo, porque ele não conseguia aprovar orçamentos e quase nada teve aval do Congresso", sinaliza o correspondente.

"Nestas circunstâncias, é previsível que Trump vá - assim como Obama fez na época - usar decretos para governar e impor sua visão do país, dentro dos critérios previstos em lei", acrescenta.

Maior fiscalização

Segundo Zurcher, a maioria democrata na Câmara também vai significar uma fiscalização maior sobre o governo.

Os deputados vão poder se debruçar, por exemplo, sobre a investigação da suposta interferência da Rússia na eleição em 2016.

"Ou se aprofundar nas finanças pessoais do presidente, analisando suas declarações de imposto de renda", completa.

Trump sempre apresentou resistência em revelar suas declarações de imposto de renda, contrariando uma tradição entre os candidatos à presidência dos EUA.

Por outro lado, os republicanos conseguiram ampliar sua maioria no Senado. Isso garante a Trump segurança para confirmar suas nomeações para cargos no Executivo e no Judiciário.

"As portas para um Senado controlado por democratas se fecharam. Trump continuará a ter uma maioria republicana de prontidão, disposta a confirmar suas nomeações executivas e judiciárias. A única questão agora é o tamanho da vantagem do seu partido", diz o jornalista.

De acordo com Zurcher, Trump indicou 84 juízes conservadores até agora para a justiça federal.

E a tendência é que essas nomeações continuem.

Ele acrescenta que a conquista da maioria democrata na Câmara "foi conduzida por regiões que por muito tempo votaram nos republicanos, mas tinham eleitores que talvez estivessem pouco à vontade com as políticas e a retórica de Trump".

"Um por um, esses Estados elegeram democratas. Na Virgínia, em Illinois e na Flórida, os republicanos moderados perderam. Em lugares como Colorado, Nova Jersey, Kansas, Pensilvânia, Texas e Nova York, os democratas estão prestes a vencer", declarou.

Recorde de mulheres

A eleição legislativa contou com um número recorde de candidatas mulheres na disputa - que se refletiu na composição da nova Câmara dos Representantes.

Duas democratas de 29 anos, Alexandria Ocasio-Cortez e Abby Finkenauer, devem se tornar as mulheres mais jovens a conquistar cadeiras na Câmara.

Ilhan OImar e Rashida Tlaib serão, por sua vez, as primeiras mulheres muçulmanas no Congresso, enquanto Sharice Davids e Debra Haaland serão as primeiras indígenas. Todas são democratas.

Trump parabeniza aliados e adversários

De acordo com a Casa Branca, o presidente Trump deu vários telefonemas para cumprimentar aliados e adversários.

Entre eles estão o líder republicano no Senado, Mitch McConnell, o presidente da Câmara, o republicano Paul Ryan, e a líder democrata na Câmara, Nancy Pelosi.

"O presidente ligou para parabenizar (os republicanos) Rick Scott, Mike DeWine, Kevin Cramer, Josh Hawley, Brian Kemp e Ron DeSantis", acrescentou a porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders.

"Por fim, o presidente conversou com o senador (democrata) Chuck Schumer", disse Sanders, informando que ele vai fazer mais ligações entre hoje e amanhã.

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