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Campineiros decidem mudar de cidade e de lar

Contribuição da JBJ Partners com o Correio Popular de Campinas.

Publicado 12/01/2018 - 23h26 - Atualizado 13/01/2018 - 14h27

Por Alison Negrinho

O número de campineiros que deixaram a cidade para viver fora do País mais do que dobrou em relação aos últimos anos. Em 2013, a Receita Federal recebeu 112 declarações de moradores de Campinas que alegaram deixar o município de forma definitiva. Já em 2017, a quantidade saltou para 273. Os motivos para optar por morar no Exterior são os mais diversos. Entretanto, o atual momento político do Brasil, além da maior segurança oferecida, são apontados como os principais. A quantidade de pessoas que deixou o Brasil para morar fora, por sua vez, cresceu 165% em um período de sete anos.

Apesar de antigo, o dado mais recente lançado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2010, mostra que os três países com mais brasileiros são: Estados Unidos (117 mil), Portugal (65 mil) e Espanha (46 mil). Eles são seguidos por Japão, Itália, Reino Unido, França, Alemanha, Suíça, Austrália e Canadá. Como a pesquisa foi realizada há oito anos, houve mudanças.

Segundo Jorge Botrel, sócio da JBJ Partners, empresa especializada em empreendedorismo, consultoria de negócios e expatriação para os Estados Unidos, da realização da pesquisa para cá, com certeza Canadá e Austrália subiram neste ranking. Bem colocado na lista, Portugal também ganhou muito espaço nos últimos dois anos.

Kauria Santos foi uma das campineiras que deixaram a cidade para viver no Exterior. A mudança na vida da jovem, de 18 anos, aconteceu no dia 12 de maio de 2017. Após terminar o colegial e entrar em um cursinho pré-vestibular, ela se viu indecisa sobre que carreira escolher e acabou optando por se mudar para Sidney, na Austrália. No país, Kauria aprimorou o inglês e já trabalhou como babá, cleaner (limpeza de casas, escritórios e afins) e waitress (garçonete). Agora, ela aguarda para iniciar um curso técnico de quase dois anos, para que possa começar a trabalhar em creches no país.

A jovem contou que não pretende voltar para o Brasil e que se sente totalmente adaptada ao país. “Com certeza, eu prefiro morar aqui. Renovei meu visto para mais dois anos e pretendo continuar prolongando. Aqui é melhor por causa da segurança, qualidade de vida e também por questões financeiras. São muitos fatores, mas particularmente, acredito que encontrei meu lugar no mundo. Eu amo esse país, não me sentia tão em casa no Brasil como me sinto aqui”, disse Kauria, que afirmou que o único porém de estar fora é a saudade da família e dos amigos. “Os primeiros meses foram os mais difíceis, mas com o tempo a gente se acostuma e faz novas amizades.”

Quando desembarcou na Austrália, a campineira enfrentou algumas dificuldades. Sem inglês fluente, ela relatou ter sofrido para fazer coisas básicas do dia a dia, como comprar uma recarga de celular, ir ao supermercado ou pegar um trem. “Na hora eu ficava meio desesperada, mas depois ria da situação. Sair do Brasil me abriu os horizontes, passei a enxergar o mundo com outros olhos”, comentou.

Programar a vida

Vivendo em Miami, Botrel explicou que quem pensa em se mudar para fora do Brasil, principalmente para os Estados Unidos (local preferido dos brasileiros), precisa se programar bem para não cometer erros. Segundo ele, é um processo de várias etapas até finalmente partir. “A primeira coisa é conhecer bem onde se pretende morar, de preferência visitar. Quando definir a região onde quer viver, é bom conversar com pessoas que já fizeram isso, buscar informações na internet, em fontes relevantes.”

Prática comum entre os brasileiros, que é usar o visto de turista para entrar nos EUA e depois tentar ficar de maneira definitiva, não é um bom caminho a ser seguido. “Isso não funciona mais aqui. O que recomendo é que a pessoa saia do Brasil já sabendo qual é o plano A, B e C dela. É preciso estar preparado, porque vir de qualquer jeito e depois ver como vai ficar é muito arriscado”, concluiu Botrel.

Assim como Kauria, o campineiro Ivan Souza, de 23 anos, também foi para Sidney. Ele se mudou em novembro do ano passado e teve como principal motivação o sonho de conhecer um país diferente e uma nova cultura. Antes dele, sua namorada, Fernanda Pinaffo, já havia partido para o local. “Eu decidi que esse era o momento, assim pude juntar o fato de estar com uma pessoa que gosto com o sonho que sempre tive”, explicou Souza.

Na Austrália, o jovem realizou diferentes tipos de trabalho, como pedreiro, descarregador de mercadorias e até entregador de gesso. Aqui no Brasil ele ganhava a vida como editor de imagens de uma televisão local. “Nunca imaginei trabalhar com o que estou fazendo agora, mas aqui falta muita mão de obra e está sendo uma experiência incrível. O bom daqui é que o salário rende, eu sei que vou trabalhar o mês inteiro e poder gastar com coisas que quero. Diferente do Brasil, em que eu trabalhava e o dinheiro não dava para muito”, contou.

Por fim, o brasileiro destacou que o que mais gosta da Austrália é a diversidade encontrada. “Aqui é muito bom em várias questões, como transporte e segurança. As regras funcionam. Mas o que mais gosto é a junção de diferentes culturas. Tem gente de todo canto, Alemanha, França, China, Argentina, Itália. Isso não tinha em Campinas.”

Londres

Em Londres há quase um ano, o paulista Felippe Piccolo, de 35 anos, não sente saudades da terra natal. O autônomo em design gráfico relatou que várias coisas o motivaram a deixar o Brasil. “Nunca me senti bem-vindo. Sempre tive esse sentimento de que não era o meu lugar. Isso só começou mesmo a me incomodar com a questão da segurança, porque fui quase assassinado, já fui sequestrado e também furtado. Odeio o jeitinho brasileiro, detesto levar vantagem e ter que desconfiar das pessoas o tempo todo. É o suficiente para infelizmente eu não querer voltar nem para passear.”

Para residir na cidade inglesa, Felippe explicou que precisou enfrentar um processo burocrático simples. De acordo com ele, apenas os formulários são mais extensos e cansativos. “Como minha esposa tem a cidadania italiana e eu ainda estou sem a minha cidadania da União Europeia, tivemos que fazer um visto Family Permit, provar que somos casados, mostrar fotos, mas não é complicado. Mesma coisa para os documentos que tiramos aqui. O NHS, que é o órgão que você se cadastra para ter atendimento público e o Nationl Insurance Number, que é o CPF deles”, disse. “Agora, se você tem o passaporte válido na União Européia, é só entrar e tirar o NIN e o NHS”, explicou.

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