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Saída de São Paulo para o exterior dispara na crise

RECESSÃO

Saída de São Paulo para o exterior dispara na crise

De acordo com especialista, migração para outros países é prejudicial para a economia da região, mas deve continuar em alta durante os próximos anos

RENATO GHELFI

19.01.18 12:00 AM

O número de moradores do Estado de São Paulo que se mudaram para o exterior disparou durante a crise. Além de melhores perspectivas econômicas, a procura por uma qualidade de vida mais elevada estimulou a migração.

Exemplo disso é o caso da economista Camila Verdeja, que mora em Miami há dois anos. “O principal motivo da mudança foi a busca por um lugar mais seguro e com um sistema de educação melhor para o meu filho”, diz ela. “Além disso, Miami fica a uma distância pequena do Brasil, o que facilita as viagens entre os países.”

O recrudescimento da recessão também contou para a decisão da entrevistada. “Eu estava com um novo projeto de trabalho e fiquei com um pouco de medo de começar no Brasil, por causa da crise econômica”. Apesar do receio, a economista conta que o site Gourmet Jr., sobre alimentação para crianças, teve boa aceitação no Brasil.

Camila diz que não pretende voltar para São Paulo nos próximos anos. “Meu filho está bem adaptado na escola e eu quero fazer parte do mercado americano.”

De acordo com dados da Receita Federal, 6.669 autorizações de saída definitiva de São Paulo foram concedidas em 2017. O número é superior aos registrados em todos os outros anos desta década. Em 2012, por exemplo, apenas 2.841 autorizações foram dadas pela Receita. Em 2014, último ano antes da crise, foram 3.288 autorizações. Já em 2015 e 2016, as concessões avançaram para 4.778 e 6.410, respectivamente.

O segundo estado que marcou maior número de saídas em 2017 foi o Rio de Janeiro, com 2.467 autorizações. Minas Gerais ficou na terceira posição, com 713.

Perda de talentos

A saída de milhares de trabalhadores nos últimos anos é prejudicial para a região, segundo especialista consultado pelo DCI. “É algo ruim para a economia, porque várias pessoas com alta qualificação estão preferindo desenvolver seus projetos em outros países”, diz Jorge Botrel, sócio da JBJ Partners, empresa especializada em Expatriação para os Estados Unidos.

Segundo ele, o perfil dos migrantes mudou durante os últimos anos. “Antes, víamos pessoas com menor instrução, mais jovens, que trabalhavam lá fora em empregos de menor qualificação. Agora, temos muitas famílias jovens, com domínio de outros idiomas, que procuram empregos de maior complexidade”, compara o especialista.

Os paulistas que estão deixando o Brasil são, principalmente, casais com idade entre 30 e 50 anos e filhos jovens, diz Botrel. O motivo mais citado para a saída de São Paulo, segue ele, é a busca por um futuro melhor para as crianças. “As pessoas não veem muita perspectiva de melhora para o Brasil no curto prazo, então preferem buscar uma qualidade de vida melhor lá fora.”

Já os destinos mais procurados pelas famílias são países de primeiro mundo, afirma Botrel. No topo da lista, aparecem os Estados Unidos, o Canadá e Portugal, mas Austrália, Itália e França também são buscados pelos paulistas.

Na opinião do especialista, o avanço das saídas definitivas deve continuar nos próximos anos, mesmo se o quadro econômico evoluir. “As pessoas veem os candidatos para as eleições deste ano e não conseguem sentir segurança no futuro do País, então devemos ter mais um período de migração elevada”, afirma.

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